sábado, 3 de agosto de 2013

Cervejas Artesanais e Especiais

Mercado de bebidas

Elas querem destronar a cerveja pilsen de seu longo reinado

Consumidores buscam nas bebidas artesanais novos sabores e mais corpo - e as cervejarias que investiram antes saíram na frente; confira:

Um dos mais intrigantes paradigmas da cultura brasileira parece estar, pouco a pouco, caindo por terra: a preferência pela cerveja pilsen. Ainda que os grandes fabricantes como Ambev, Femsa e Petrópolis dominem mais de 90% do mercado de cervejas, há uma fatia de 7% que detém poder: as pequenas e não mais inofensivas cervejas artesanais. Mais encorpadas, com maior teor alcoólico e muito mais caras, as cervejas que surgem das microcervejarias das regiões Sul e Sudeste.

A partir delas, muitos consumidores brasileiros passaram a aceitar que a 'loira gelada' não precisa ser tão loira, nem tão gelada assim - muitas artesanais são consumidas em temperatura mais alta do que a pilsen comum, justamente para que o sabor fique em evidência. “Esse aumento de interesse tem acontecido por dois motivos: cultural, devido à dissipação de informações sobre as cervejas artesanais nas redes sociais; e econômico, pois o consumidor brasileiro está disposto a gastar um pouco mais para degustar uma bebida de qualidade superior”, afirma Eduardo Bier, presidente da cervejaria DaDo Bier, no Rio Grande do Sul.

As cervejas premium são classificadas, basicamente, em duas famílias: as lager, cuja fermentação acontece no topo do barril, e as ale, cujo processo ocorre no fundo. No método lager, a mais famosa é a do tipo pilsen, da qual faz parte a maioria das marcas vendidas nos supermercados - as mais populares e mais consumidas pelos brasileiros. Já entre as ale, a que mais se destaca é a pale ale, uma cerveja mais clara, porém não menos encorpada. Ronaldo Morado Nascimento, presidente da cervejaria Colorado e autor do livro 'Larousse da Cerveja', explica que durante o processo de fermentação, as cervejas recebem os maltes e alguns aditivos em sua composição, responsáveis por criar sabores diferenciados. “Essas propriedades dependem muito mais da qualidade do malte e do tipo do aditivo utilizado, que pode ser laranja, café, rapadura, jabuticaba e cana de açúcar, por exemplo”, conta.

Apesar de as pilsen terem conquistado todo o público consumidor, as pale ale são produzida a partir de ingredientes mais sofisticados, matérias-primas mais nobres e demanam mais tempo de fermentação. Além da pale ale, outro tipo que vem ganhando o gosto do brasileiro são as weissbier, fabricadas com trigo e de coloração mais clara. “Ela é considerada o ‘champagne das cervejas’ e teve boa aceitação do público, principalmente do feminino, por seu aroma natural”, afirma Nascimento. Segundo Alfredo Ferreira, mestre cervejeiro da Heineken, apesar do avanço das artesanais, ainda é cedo para afirmar que o paladar do brasileiro mudou completamente. "Ainda é uma pequena parte que se interessa e tem acesso às cervejas premium, mas esse mercado vem crescendo e pode ocorrer o mesmo que nos Estados Unidos, onde elas tiveram um verdadeiro boom e dominaram de vez as prateleiras", afirma o especialista. O site de VEJA selecionou algumas cervejarias pequenas - mas nada modestas em suas ambições. Elas querem, com a sofisticação e corpo da pale ale e da weiss, destronar o reinado das pilsen. As artesanais que chegaram lá.

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