sexta-feira, 31 de julho de 2015

Gestão de Riscos


Gestão de riscos nas cervejarias: o momento é oportuno

Com o cenário adverso, é hora de reavaliar as idéias colocar os objetivos nos trilhos

Por Henrique Oliveira

Os tempos adversos que se encontra no Brasil em 2015, os setores cervejeiros de pequeno e médio porte precisam voltar o olhar para seu core business e analisar cenários, determinando uma boa matriz de SWOT e riscos, ajustando os objetivos estratégicos que precisam ser concluídos até o final do ano.

O tradicional corte de funcionários normalmente apresentam resultados de curto prazo; o corte de custos apresentam resultados entre 6 meses a 12 meses e a manutenção da estratégia geram bons frutos apartir de 12 meses. É natural que as empresas recorram ao primeiro plano (“corte de cabeças”) para prover um fôlego ao fluxo de caixa; todavia a perda de um profissional que conhece bem as fases de um processo, ou função importante por resultar em perdas indesejáveis futuras. Afinal de contas: quais são os riscos que uma cervejaria de pequeno ou médio porte possui? Quais são os planos de ação que deveriam ser seguidos? Veja alguns riscos que deveriam fazer parte de uma matriz de riscos de uma cervejaria:

Riscos de Compliance – Esse risco é mais conhecido como risco de “cumprimento” de obrigações com leis e regulamentos. Assuntos vinculados à contabilidade, assessoria tributária (lê-se impostos), meio ambiente e a saúde e segurança devem estar próximos do empresário para que multas ou autuações inesperadas caiam em sua mesa, logo após a visita de um inspetor ou auditor de um órgão de governo. Esse risco tende a crescer para os próximos anos.

Riscos de Crédito ou Gestão do Crédito – Vender sem receber, nem pensar. Em tempos incertos as empresas continuam trabalhando “na confiança” e não são capazes de realizar sequer uma averiguação de crédito em instituições como o Serasa, por exemplo. O fator inadimplência existe e está em voga. Em comparação ao primeiro semestre de 2014, a alta foi de 16,4%. Só em junho, a evolução foi especificamente da ordem 5,9% em relação a maio de 2015, segundo a própria Serasa. Não bastassem, alguns cervejeiros costumam acreditar que a venda por cartão na posição “crédito” não faz tanta diferença quanto na posição “débito” – ledo engano. As taxas do cartão são elevadas e o prazo de recebimento aumenta em mais de 30 dias, em alguns casos. Nessas horas, práticas de monitoramento e reeducação de clientes podem incrementar significadamente o fluxo de caixa. Convém ressaltar que cervejarias estão enquadradas no sistema de Substituição Tributária – ST imposto pela Secretaria de Fazenda, e que tributos são muitas vezes pagos com produtos ainda em estoques, sacrificando recursos financeiros.

Riscos de mercado – Os preços das matérias-primas como malte, lúpulo e levedo disparam quando o dólar sobe, uma vez que são itens indexados à essa moeda. Fechar contratos e acordos com fornecedores são de suma importância para “travar o preço”, um que seja bom para a cervejaria e bom para o fornecedor. Não se deve esquecer do “Custo Brasil” formado basicamente por eventos que estão diretamento ligados com a serviços públicos do governo que parece adorar em aumentar os preços para cobrir o atual déficit público. Recursos energéticos como água, gás, energia elétrica e combustíveis são itens do “Custo Brasil”. Já não dá para ficar sem um poço artesiano na fábrica para reduzir as contas de água ou trocar as lâmpadas atuais do galpão por lâmpadas mais econômicas para reduzir a fatura da concessionária.

Riscos de seguros – É comum a pequena e a média empresa cervejeira entenderem que um seguro pode comprometer o orçamento e as coisas não acontecem. Mas se tratando de uma indústria, riscos operacionais como incêndios, explosões, inundações, vendavais, panes por descargas elétricas são possíveis de acontecer, impactando em lucros cessantes. Nessas circunstâncias, uma cobertura de seguros é uma boa saída para compartilhar os riscos, em momentos de desconforto.

É conclusivo que o momento é mais que apropriado em por os riscos no papel, ajustar a estratégia e focar nos objetivos e metas. Não dá para seguir o que a nossa mestre diz: “não vamos colocar a meta deixaremos a meta aberta; e quando a gente atingir a meta, nós dobraremos a meta”. Isso é arriscado demais.

Henrique Oliveira é contador, especialista em gestão de riscos e autor do livro Brasil Beer – O Guia das Cervejas Brasileiras.


Foto e desenho: arquivo pessoal.

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